Exportação

Os obstáculos do comércio exterior e as barreiras culturais e legais nas exportações

Culturais e legais

As exportações e importações representam atividades comerciais complexas que estão sujeitas a uma série de desafios culturais e legais. Para empresas que buscam expandir seus mercados além das fronteiras nacionais e, para os governos que regulamentam essas atividades, a compreensão e o gerenciamento de estratégias desses desafios são cruciais para o sucesso.

É importante ressaltar que os desafios enfrentados nas exportações e importações podem variar amplamente de acordo com o país de origem, o país de destino e a região geográfica em que as transações ocorrem. Alguns desafios são universalmente reconhecidos e frequentemente encontrados por empresas e governos em todo o mundo. Alguns dos desafios mais comuns incluem:

Diferenças culturais

A cultura de um país pode influenciar no comportamento, nas preferências, nas expectativas e nas formas de comunicação dos clientes, fornecedores e parceiros comerciais. É importante conhecer e respeitar as normas, os valores, as tradições, a religião e a política do país com o qual se negocia, para evitar mal-entendidos, ofensas ou conflitos.

Na China, por exemplo, o cumprimento deve partir do anfitrião e não do visitante. A Arábia Saudita por sua vez, a mão esquerda é considerada suja e não deve ser usada para cumprimentar. Já a Austrália, o aperto de mão é firmado no começo e no fim da reunião, mas sempre deve partir da mulher.

Burocracia aduaneira e documentação

O comércio exterior envolve uma série de documentos que devem ser preenchidos, enviados e conferidos pelos órgãos competentes de cada país. Esses documentos podem variar de acordo com o tipo de produto, o modal de transporte, o regime tributário e as exigências sanitárias, ambientais e técnicas.

Além disso, alguns países podem ter restrições ou proibições para a entrada ou saída de certos produtos. Por exemplo, alguns países árabes exigem que os frangos sejam abatidos de um modo específico, voltado para Meca e com frases religiosas no local de abate.

Algumas exportadoras em determinados países não possuem ciência de que é proibido o envio de amostra sem a declaração, e enviam amostras do seu produto junto com a embarcação, gerando um problema no Brasil com divergência de peso e valores entre carga e documentações.

Complexidade da legislação tributária

O comércio exterior está sujeito a uma série de impostos, taxas e contribuições que podem afetar a competitividade dos produtos e a rentabilidade das operações. Além disso, cada país tem suas próprias regras e alíquotas para a cobrança desses tributos, que podem mudar frequentemente.

É preciso estar atento às normas vigentes em cada país e aos acordos comerciais que possam beneficiar ou prejudicar as exportações e importações. Por exemplo, o Brasil tem acordos comerciais com o Mercosul, a União Europeia, Israel, Egito, entre outros países. Esses acordos podem reduzir ou eliminar as tarifas alfandegárias entre os países signatários.

Morosidade dos processos alfandegários

O tempo necessário para liberar uma mercadoria na alfândega pode variar de acordo com o país, o produto, o modal de transporte e a eficiência dos órgãos responsáveis. Um atraso na liberação pode gerar custos adicionais com armazenagem, demurrage (multa por atraso na devolução do contêiner), juros e perda de qualidade do produto.

Além disso, um atraso pode comprometer o cumprimento dos prazos de entrega e a satisfação dos clientes. Por exemplo, segundo o relatório Doing Business 2023 do Banco Mundial, o Brasil ocupa a 124ª posição no ranking de facilidade para fazer negócios entre 190 países.

O tempo médio para exportar uma mercadoria no Brasil é de 65 horas, enquanto o tempo médio para importar é de 74 horas. Esses tempos são superiores à média da América Latina e Caribe (48 horas para exportar e 58 horas para importar) e à média mundial (38 horas para exportar e 45 horas para importar).

Falta de padronização

Os padrões de qualidade, segurança, embalagem, rotulagem e certificação podem variar de acordo com o país de origem e destino da mercadoria. É preciso adequar os produtos às normas técnicas exigidas pelos países importadores, bem como às preferências dos consumidores locais. Além disso, é preciso verificar se os produtos possuem algum tipo de certificação internacional que possa facilitar sua aceitação nos mercados estrangeiros.

Alguns produtos alimentícios podem ter que passar por testes de qualidade e sanidade antes de serem exportados ou importados. Alguns produtos eletrônicos podem ter selos de conformidade com padrões internacionais de segurança e eficiência energética.

Custos de transporte e tarifas alfandegárias

O transporte de mercadorias entre países envolve custos com frete, seguro, manuseio, embalagem e outros serviços logísticos. Esses custos podem variar de acordo com o modal de transporte, a distância, o volume, o peso e a natureza da mercadoria.

Além disso, as tarifas alfandegárias são impostos cobrados pelos países sobre as mercadorias que entram ou saem de seu território. Essas tarifas podem variar de acordo com o tipo de produto, a origem, o destino e os acordos comerciais vigentes. Esses custos e tarifas podem afetar a competitividade dos produtos e a rentabilidade das operações.

Quer saber mais, leia também: O uso de tecnologias no processo de exportações

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